sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre a notícia de processos instaurados no escalão de Escolas

A notícia sobre os processos instaurados por dupla inscrição de jogadores de 10 anos é de meados deste mês, do site http://www.maisfutebol.pt/ e vem mostrar a perfeita anarquia na qual se tornou o comportamento da denominada formação no futebol.
A nova regulamentação de transferências de jogadores jovens desvincula automaticamente os jogadores com menos de 14 anos dos clubes no final da época (acho muito bem) sem que os clubes tenham direito a qualquer valor futuro pela formação do jogador (acho mal). A partir dos 14 anos, os jogadores já não são livres de sair do clube e o clube tem direito, no futuro, a uma percentagem da transferência do jogador como compensação pela formação, caso ele se torne futebolista profissional. Na minha opinião, o clube deveria ter sempre direito a uma indemnização consoante os anos de formação que o atleta passou no clube, mas por outro lado os atletas deveriam ser sempre livres de sair, desde que não tenham contratos como profissionais.
O futebol é cada vez mais um negócio e com esta nova regulamentação é melhor para o “negócio” descobrir os jogadores cada vez mais jovens porque a Lei incentiva a isso e eu até entendo a posição dos clubes, apesar de não concordar com alguns métodos, mas tenho grande dificuldade de entender a atitude de alguns Pais, que são no meu entender, os grandes responsáveis por estas trapalhadas.

O futebol torna-se prioritário na vida de miúdos de 10 anos com a conivência e o incentivo dos Pais. Para um miúdo de dez anos, a preocupação deve ser a Escola, a sua formação, e aí julgo que o futebol, o desporto em geral, pode ter um papel importante como complemento dessa formação do Homem de amanhã, mas sempre como complemento da base da Educação que é a Família e a Escola. É por aos 10 anos, um jogador sair de Viseu (como nos exemplos dados na notícia) para um grande clube do Porto ou de Lisboa que o miúdo vai ser um profissional de futebol? Ou estaremos assim a limitar o futuro de uma criança, porque estamos a passar-lhe a mensagem de que o futebol é o mais importante?
Se parece quase irracional, então quando vemos as pressões dos clubes e as cedências dos Pais, a nível do futebol distrital… chegamos ao cúmulo do ridículo, à perca completa da noção do que deve ser prioritário e do que realmente é importante.
Não estou obviamente a criticar todos os Pais de atletas cujos filhos se transferiram de um clube para outro, nada disso, mas há casos onde nem sequer é equacionada a perturbação na vida dos miúdos, e dos próprios pais, porque o mais importante parece ser o futebol!!!

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