sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Notícia de processos instaurados a inscrições no escalão de Escolas

(…)Hélder Miguel Esteves Almeida, Euciodálcio Gomes, Gabriel Tomás Marques Lourenço Lopes e Bruno Miguel Gonçalves Lopes. Estes quatro meninos têm em comum o sonho de jogar num dos principais clubes do futebol português, mas partilham ainda o facto de estarem sob a alçada disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol. O Conselho de Disciplina instaurou processos a todos eles porque dois clubes reclamam os seus serviços para a época 2008/09. (…) O Campeonato Distrital de Escolas da AF de Lisboa ainda não começou, mas Hélder Almeida prepara-se para a estreia pelo Sporting. O Benfica também o quer. Este menino de 10 anos treina durante a semana em Viseu, cidade onde vive, e ao sábado de manhã desloca-se a Lisboa para jogar pelos leões. Tem sido assim deste que formalizou a transferência para o clube leonino. Vai ser assim no dia 25 deste mês, pois não está impedido de jogar. «O Hélder treina durante a semana comigo no Académico de Viseu e joga pelo Sporting nos jogos particulares. Ele neste momento não tem noção que existe um processo na Federação por causa da inscrição dele. Está muito entusiasmado por estar no Sporting e só quer jogar», afirma ao Maisfutebol Júlio Rocha, treinador deste jovem avançado na época passada no Académico de Viseu e responsável pelo acompanhamento que lhe é dado actualmente. A fantástica campanha da equipa de escolas do Académico de Viseu na época passada, onde se sagrou campeão distrital sem derrotas (só um empate no meio de vitórias), fez com que os olheiros dos «grandes» mostrassem interesse nos miúdos da terra. «O Gabi foi para o Porto, o Kiko para o Benfica e o Hélder para o Sporting», enumera Júlio Rocha(...) «Fizemos um campeonato excelente, fomos a equipa com mais golos marcados, menos golos sofridos e isso chamou a atenção dos outros clubes. O que me revolta é que as pessoas não olham a meios para atingirem os fins e nem querem saber se o menino está ou não comprometido com um clube, depois dá confusão», sustenta o técnico Júlio Rocha. Seja qual for a razão, estas duplas inscrições aumentaram desde que foi liberalizada a circulação de jogadores até aos 14 anos.
O treinador campeão esclarece ainda que esta época continua a treinar Gabi uma vez por semana: «Ele treina comigo à segunda-feira e nos outros dias treina e joga no Porto. Foi isso que acordámos com o Porto e é assim que estamos a fazer. Ou seja, o caso do Gabi é semelhante ao do Hélder pois foi dessa forma que acordámos com os clubes.» Gabi e Hélder continuam a viver em Viseu e a treinar no clube que os projectou. As rivalidades entre F.C. Porto e Sporting não interferem nestes casos, pois são os responsáveis dos clubes que definem o trabalho que é realizado. Júlio Rocha lamenta que o sucesso de uma equipa de escolas cause tanta confusão nas instâncias federativas: «Qualquer um destes jogadores está no lote dos cinco melhores a nível nacional, mas é de lamentar tudo isto pois os únicos prejudicados são os miúdos.»



A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) deliberou, no dia 16 de Março de 2007, «que a transferência de atletas de idade inferior a 14 anos será efectuada sem necessidade de autorização» do clube anterior. Ou seja, a inscrição de menores de 14 anos é livre, carecendo apenas de autorização parental. Mas, a verdade é que depois desta liberalização, que exclui a necessidade de qualquer acordo com o clube anterior, registou-se o aumento de reclamações e a existência de «duplas inscrições». Os campeonatos distritais de escolas ainda não arrancaram, mas o Conselho de Disciplina da FPF já instaurou processos a quatro atletas. Hélder Miguel Esteves Almeida, Euciodálcio Gomes, Gabriel Tomás Marques Lourenço Lopes e Bruno Miguel Gonçalves Lopes estão a contas com processos disciplinares pois são reclamados por dois clubes. Benfica, Sporting e F.C. Porto são os emblemas que estão envolvidos nestes processos. A FPF ainda não tomou uma decisão, mas João Leal, responsável do departamento jurídico da FPF, garante ao Maisfutebol que os jogadores não vão ficar sem jogar. «Nós lançamos as inscrições e quem primeiro chega é que é servido. Ou seja, o que conta é a primeira inscrição do jogador numa Associação para a época em curso. Às vezes os clubes nem sabem que o jogador assinou por outro clube e quando vão lançar a inscrição percebem que a mesma não é validada pois o atleta já está inscrito noutro clube. Nestes casos os jogadores podem jogar pelo clube que o inscreveu primeiro, pois só daqui a um mês ou um mês e meio haverá uma decisão», justifica. «Dupla inscrição é banal por falta de civismo» Os regulamentos federativos contemplam que crianças com 10 anos podem ficar suspensas, por exemplo, entre um a quatro meses, mas João Leal acredita que tal não irá acontecer nestes casos: «O registo tem a vida desportiva do jogador e não se pode alterar isso sem mais nem menos, pois é um acto público. Os pais que se responsabilizam pela inscrição dos filhos infelizmente não estão sob a alçada disciplinar da FPF, mas a verdade é que deveria haver mais pedagogia, mais civismo. A verdade é que isto é cada vez mais uma selva, onde vale quase tudo e num mês assinam uma inscrição e depois assinam outra. É um problema cívico, mas acredito que estes casos vão ser revolvidos rapidamente». (...) Mais do que a validação da inscrição que chega primeiro, João Leal prefere sublinhar que tudo isto era evitável se os pais não assinassem mais do que uma inscrição. «Processos de dupla inscrição são banais na Federação. É lamentável, mas é essa a realidade. Este ano estranhamente os grandes estão envolvidos, pois pela sua organização interna não é normal que isso aconteça.» Enquanto não há uma decisão final da FPF a incerteza está instalada nos clubes e nos miúdos que começam a ser obrigados a lidar com questões jurídicas ao mesmo tempo que vêem realizado o sonho de chegar a um dos grandes do futebol português.


Noticia do site http://www.maisfutebol.pt/ de 19-10-2008


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